É neste momento, com cheiro a fim de festa, que sentes o teu sangue açoriano. Sentes a nostalgia, sentimento tão típico dos descendentes atlânticos que habitam estas ilhas. Cheiras as pipocas acabadinhas de fazer e, de repente, lembras-te das tuas recordações infantis de quando imploravas por um cone delas. Mas esqueces a fome, apetece-te apenas contemplar. E um sentimento de paz abrange-te completamente. Apesar de todos os ruídos provocados pelas conversas, pelas barraquinhas da parte profana, pelas charangas de bombeiros ou escuteiros, pelo sermão dado pelo Bispo, tu ouves o silêncio. E no meio dele tu apercebes-te de uma clara mensagem que Ele te transmitiu. Com apenas um olhar, Ele transmitiu-te algo que, provavelmente já sabias, mas que precisavas de ouvir: tu és forte, tu consegues, tu irás ser feliz. E vieste para casa com uma felicidade tão extrema que as pessoas te questionam do porquê. Mas tu não sabes explicar. A maioria associa às festas: comes e bebes, saídas com os amigos, a procissão e tal. Mas não, é apenas a certeza de que nunca, nunca mesmo, estará sozinho. E nada mais interessa do que isso.
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